Propuseram me construir uma casa para alguém que não eu, um ser sem propósito, ou com demasiado.
Inconscientemente consciente de uma realidade própria, diferente do que estamos habituados, se é que estamos habituados a alguma. Um ser distante de sentido e forma, presente apenas naqueles sonhos irreais e imaginários, despegados da vida mundana em que nos sustemos, recheados de mistérios e verdades que nos ultrapassa.
Num tempo interregno, desconcertante no sentido como reconforta a alma e simultaneamente a corrompe, num ciclo inevitável de conclusões ilusórias, pressupostos errados e sensações desviantes. Chamam-lhe pelo nome mas poucos o sabem, como eu, desatentos ao que realmente importa ou demasiados focados no inevitável perder que a vida lhe implica.
Tempo onde a chuva, o vento, e o sol ainda não foram inventados, numa dicotomia constante entre o que a arquitectura é e o que deveria ser.
Sentaria-me aqui numa calma manha, uma daquelas manhas manhas onde o tempo avança lentamente, onde o sol segue o seu caminho silencioso, não fosse ele brilhar e ninguém dava por ele. Aqui ficaria a pensar nesse mesmo tempo, a ver se chega o tempo. O tempo de onde se deixa de ver chegar o tempo mas o tempo chega sem se ver chegar.
Na procura de uma essência própria, a mais verdadeira e a mais distante de nos, a única desprovida de consciência, a única verdadeiramente falsa. Assim resta nos assumir a mentira.
"Viver aqui seria como acordar na Rússia e só saber falar espanhol, ter as pernas viradas ao contrario e abrir portas a cabeçada."
domingo, 29 de novembro de 2015
domingo, 22 de novembro de 2015
isto sim, é semântica.
na generalidade do tempo somos um grupo de gente que não sabe que "prazer" é um verbo. Ignorado e limitado a coisa rara de substantivo abstrato, o prazer mandou-nos foder a todos. O que não anda conjugado na boca do povo raramente lhe anda na alma.
terça-feira, 17 de novembro de 2015
segunda-feira, 16 de novembro de 2015
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