Mesmo sabendo que era um sonho, o mais real que alguma vez
tive, queria continuar a acreditar nele, tal como acredito no pensamento e na razão. Mas a morte continuava a
assustar-me, o eterno dilema que nunca hei-de conseguir superar, até ao dia em que passar despercebidamente por ela. Quero que ela me chame calmamente, pode até atraiçoar-me, seduzir-me falsamente, porque depois já não vai haver caminho de volta, ou maneira de voltar à tão efémera e enganosa vida.
Mas, ao mesmo tempo, alguém me prometeu, naquele dia. Eu também prometi, talvez forçada ou ingenuamente. O poder eléctrico que o mundo nos transmitia, a electricidade brilhante que enchia a galáxia, e me ensurdecia, não sei bem como nem porquê. Por aquilo maior do que
nós e do que a nossa existência e compreensão, que afinal não é tão grande como teimamos em acreditar. E num segundo ela enganou-me, e assim, levou-me para sempre. Desapareci.
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