quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

A Porta de Minerva

"Sentia-se fatigado e melancólico daquela sensação de tempo perdido que lhe davam as aulas. Considerava-as mais do que inúteis, prejudiciais. Os professores repetiam de uns anos para os outros o que vinha já nas sebentas. Em verdade os alunos iam lá só porque eram obrigados, mas não os ouviam e nem mesmo os "ursos" iam com o interesse de quem vai aprender alguma coisa. Fingiam, sentados nas carteiras, habituando-se a usar uma máscara de conveniência. Talvez fosse essa a utilidade que dali traziam para a vida: aprender a afivelar a máscara. Conversavam uns com os outros o mais discretamente que podiam ou olhavam a cara do professor, abstratos, a pensar noutra coisa, ouvindo confusamente umas palavras mortas e vazias, como uma espécie de penalidade a cumprir. A saída era a libertação dos presos da cadeia." (Branquinho da Fonseca)

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