sexta-feira, 25 de setembro de 2015

"A partir de então, reintregráva-mos,  em suma,  na nossa condição de prisioneiros, estávamos reduzidos ao nosso passado, e, ainda que alguns de nós tivessem a tentação de viver no futuro,  rapidamente renunciavam, tanto pelo menos quanto lhes era possível ao experimentarem as feridas que a imaginação finalmente inflige àqueles que nela confiam.  "

Albert Camus em" A Peste"

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Cadernos de antes I

Cai a noite.
Quantas terão ainda que cair para que caias também na noite que tenho para ti?

segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Wittgenstein à portuguesa

(...) - Rede aérea de sons, a mais frágil produção do  homem, ela resiste mais do que a pedra e o aço.                                                                                                                                                                      
(...)língua constitui uma rede fechada sobre si, um tecido de malha que as leis da língua tecem  um quadriculado de palavras sobrepostas ao que chamamos "mundo real". Não há portanto um mundo  traduzido em palavras, mas um mundo de palavras  a esse real. Porque cada língua tem as suas  seu modo de ver a realidade, o seu modo de a pensar. Assim mudar de língua é mudar de mundo e não podemos  pensar que essa língua traduz o mundo  porque teríamos tantos mundos quantas línguas e seria estulto admitir que essas línguas o traduzem na real realidade que é a dele. (...)                            
 Ninguém pode sair das fronteiras da língua, a objectividade da razão está na rede que uma língua teceu.  As palavras vivem por si, pensar é articular um sistema de vocábulos, de sons ocos (...) Eis porque a quase totalidade dos problemas filosóficos são problemas sem fundamento, problemas feitos de palavras a que nada corresponde além dessas palavras vazias, o homem tem arrastado ao longo dos séculos um entretenimento vão como as crianças nos seus jogos de faz-de-conta”                                                                                                                                                                                        Virgílio Ferreira in Para Sempre