segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Natal diferente

Este foi verdadeiramente um Natal
diferente de muitos outros que já esqueci
por não terem nada para registar
com sons na rua ditos e cantigas
há muito tempo esquecidas
os amigos lá longe a saudaram
dentro deste estranho aparelho
que nunca consigo encontrar
na hora certa para atender.
Mas foi disso  tenho a certeza
tempo de amor e esperança
foi um sopro de boa vontade
na desordem deste descontentamento
que a todos nos faz pensar
se o Natal sobrevive porque é verdade
ou é apenas mais um fingimento.
E na desordem das coisas encontrei um amigo
daqueles que não sabem ler nem escrever
Homem de uma só palavra
antes morrer do que torcer
irmão de não sei quantas noitadas
desafiando de peito aberto
as noites frias anunciadas
muito senhor do seu saber
que a escola alguma foi reclamada
mesmo sabendo que nada tem.
E senti-me bem neste aconchego
nesta forma de vida tantas vezes votada
em promessas de muitos paladinos da verdade
daqueles que com o maior desdém
esqueceram tão repentinamente
as suas próprias misérias de origem
que nos olham hoje sem olhos de ver
que se julgam senhores de muito saber
que imaginam esquemas para nos tramar
mas não passam de prisioneiros
de muitos enganos por explicar.
Não passam nem passarão
neste crivo de fraternidade
e do Povo jamais saberão
o que é viver o Natal a cantar!

Francisco José Lopes

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