quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

"Nunca mais regressaste a casa desde Agosto.
O teu lugar à mesa ficou vazio. 
Eu passei a coleccionar os nomes de coisas distantes,
sentei-me a desenhar sistemas de coordenadas, 
soletrei os hemisférios das palavras, regressei às zonas epidérmicas do toque,
à fome anatómica dos gestos, 
às regiões endémicas dos sismos,
à solidão unívoca das margens dos rios,
ao silêncio lento das magnólias.
Trouxe o domingo para dentro de casa e guardei-o junto ao parto em que me deste à luz.

Digo: Os dias são todos de morrer. Nenhuma das memórias que tenho de ti sabe negar essa evidência."

José Rui Teixeira

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