domingo, 17 de fevereiro de 2013

Vai ser mais um daqueles dias. A chuva não para de cair e eu não a encontro. Já nem me lembro como a perdi, foi à... também já não sei quando. Já procurei por todo o lado: debaixo da minha cama, no quarto, na sala, na casa, lá fora... já corri todas as ruas e não a vi. Já perguntei a todas as pessoas e ninguém sabe dela.

Nunca  imaginei que me fizesse tanta falta, mas a verdade é que me custa imenso viver sem ela. Dizem sempre que não damos o devido valor às coisas quando as temos, por uma vez acho que eles têm razão. Sem ela não sou nada, sou uma sombra do que era, sou levado pela mínima corrente. Sou um vazio, uma carcaça que anda sem de facto se mexer.

Já andei tanto atrás dela que me perdi várias vezes. Por acaso até agora encontrei sempre o caminho de volta: alguém se esqueceu duma luz acesa. Hoje até nem estou muito longe, para voltar tenho só de seguir em frente por aqui e... merda. Estou perdido.

A chuva parou. Mas o céu confunde-se com o betão cinzento que me rodeia. Ao fundo ouço os carros e as motas a passarem, mas até agora nunca vi nenhum. Sento-me no chão, estou cansado, estou ensopado. Seria de esperar que tanto andar me deixasse em forma. Olho à minha volta e-- 

Espera! Está alí! Encontrei-a, encontrei-a! Rápido, antes que a perca outra vez! Espera...

Esta não é a minha pedra. Nem perto. Estou a senti-la na mão, tem um peso diferente. Aquele lado, parece que foi raspada. E a cor, a minha era mais clara. Acho eu.

Não, não é esta. Guardo-a no bolso do casaco, junto das outras. Começou a chover.

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